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domingo, 12 de janeiro de 2014

Brasil fica em 58º no Ranking do PISA


BRASIL FICA EM 58º NO RANKING DO PISA

EDUCAÇÃO BRASILEIRA TEM AVANÇOS FRÁGEIS EM AVALIAÇÃO INTERNACIONAL
Quase 70% dos alunos participantes não ultrapassaram o nível 1 da escala de habilidades da prova, que identifica a capacidade de resolver questões mais simples

Fonte: Valor Econômico (SP)

Embora a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tenha destacado como "notável" o desempenho do Brasil em matemática na última década e na edição 2012 do Programme for International Student Assessment (Pisa), o resultado do país é frágil. Quase 70% dos Alunos participantes não ultrapassaram o nível 1 da escala de habilidades da prova, que identifica a capacidade de resolver questões mais simples. Apenas 0,8% dos estudantes teve notas compatíveis com os níveis 5 e 6 da escala do Pisa, os mais altos e que identificam competências para resolver questões mais complexas e conceituais.
O Professor Ocimar Munhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, diz que se trata de uma distribuição assimétrica positiva. "Ou seja, um pelotão de elite sai na frente e chega ao fim da maratona muito bem, mas tem uma massa que pena para terminar, mas chega. O Pisa está dizendo que mais da metade dos Alunos anos chega ao fim do Ensino fundamental lendo e resolvendo problemas como se fossem do sexto ano", afirma Alavarse.
O Chile, que ficou sete posições acima do Brasil no Pisa 2012 em matemática, teve 51,5% de seus Alunos abaixo do nível 2 e 1,6% nos níveis 5 e 6. Xangai, que teve a nota mais alta na matéria, teve 55,4% dos Alunos com pontuação elevada e apenas 3,8% nos níveis mais baixos de proficiência. A escala de habilidades do Pisa vai de 0 a 6.
No caso de matemática, pontuação acima de 607 coloca o Aluno nos níveis 5 e 6 da escala; nos níveis 3 e 4, com pontuações acima de 482, o estudante é considerado de nível intermediário; e nos níveis 1 e 2, cuja pontuação varia de 357 a 420, o jovem está apto a "resolver questões definidas com clareza, que envolvem contextos conhecidos", conforme o marco referencial do exame.
O Pisa 2012 teve seus resultados divulgados ontem pela OCDE. Aplicada a cada três anos, a avaliação testa os conhecimentos de leitura, matemática e ciências de mais de 500 mil Alunos de 15 anos em 34 países desenvolvidos e outros 31 convidados, como o Brasil. A prova do ano passado enfatizou matemática, e a Educação brasileira ficou entre as dez que mais avançaram na disciplina desde 2003, de acordo com a escala de pontuação do teste.
A nota de matemática dos cerca de 20 mil Alunos brasileiros de Escolas públicas e particulares que participaram do Pisa ficou em 391 pontos. Enquanto o avanço anual médio dos países da OCDE na matéria foi negativo (0,3 pontos), a taxa brasileira anualizada foi de 4,1 pontos na escala do Pisa. A maior taxa de crescimento anualizada foi a do Catar, de 9,1 pontos.
Com menor peso, as notas brasileiras de leitura e ciências foram 410 e 405 pontos, respectivamente. Essas médias não alteraram significativamente a colocação do país no ranking do Pisa e o mantêm distante do desempenho dos países desenvolvidos da OCDE. Nas três matérias avaliadas, o país oscila entre a 54ª e a 58ª posições, longe de Xangai, líder em todos os quesitos, com notas que variam de 570 a 613 pontos. Na comparação com países latino-americanos, o Brasil fica à frente de Argentina, Colômbia e Peru em matemática e leitura, mas não supera Chile, Uruguai e México, cujas notas variaram entre 409 e 445 pontos.
Em relação ao teste de 2009, o Brasil avançou em matemática, de 386 para 391 pontos, e ficou estável em leitura (de 412 para 410 pontos) e ciências, repetindo a marca de 405 pontos. Os 34 países que integram a OCDE tiveram desempenho estável nas três disciplinas entre 2009 e 2012: matemática (de 495 para 494 pontos), leitura (493 para 496 pontos) e ciências (500 para 501 pontos).
Em geral, a recepção do resultado do exame foi positiva, tanto da parte de especialistas como do governo. "Estamos comparando a evolução do Brasil com países que investem muito mais por estudante e tivemos um avanço maior", declarou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante entrevista a jornalistas em Brasília.
Na avaliação de Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, o avanço brasileiro no Pisa em dez anos está associado à melhoria das condições socioeconômicas das famílias brasileiras no período e também à inclusão de mais de 425 mil novos Alunos na Educação básica, a partir da Pré-Escola. "Ações estruturantes que mexem na base da Educação dão resultados. Políticas de primeira infância, mesclando Creche, saúde, assistência social, darão resultados positivos quando a criança chegar aos 15 anos", avalia Priscila.
O economista André Portela, especialista da FGV Projetos, lembra que o Pisa é uma fonte muito rica para formulação de diagnósticos. "Se bem utilizadas, as informações do teste podem orientar algumas políticas educacionais." Para Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, o avanço polonês no Pisa deve ser visto como referência. "A Polônia investiu muito em Educação básica e formação de Professores e teve resultados impressionantes. Um exemplo a ser seguido", observa Ramos.

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